A partida decisiva da gestão de patrimônio

por Sandra Riccio

A inovação tecnológica está transformando profundamente o mundo dos serviços financeiros. As mudanças que os bancos estão gradualmente introduzindo estão à vista de todos. Neste contexto, o segmento de gestão de patrimônio também deve enfrentar novos e cada vez mais prementes desafios e fazer um jogo decisivo, mas ainda pouco visível. O setor experimentou um forte crescimento desde 2005 e, portanto, atraiu novos players.

Os rivais mais temidos elas vêm do panorama das fintechs, que podem roubar fatias importantes do mercado dos grandes players que já atuam por lá. As complexidades a serem superadas pelos gerentes de patrimônio não têm precedentes. Como mover e desenvolver as soluções certas? Segundo a Deloitte Global, são duas as principais diretrizes que vão nortear o caminho da gestão de patrimônio nos próximos anos.
A primeira é a dos custos que, num contexto de contração das margens, tem assumido uma importância cada vez maior. A segunda diz respeito ao comportamento dos consumidores que estão redesenhando a gestão de ativos com a solicitação de uma experiência de usuário dos serviços cada vez mais evoluída e envolvente.
São seis passos fundamentais que as empresas do setor terão de seguir para responder às dúvidas dos clientes e se tornarem líderes do futuro no segmento de gestão de patrimônio.

M&A e modelos operacionais. O primeiro passo chave identificado pela Deloitte Global passa pela valorização das oportunidades de fusões e aquisições (M&A), de forma a responder às pressões de custos e acelerar o processo de transformação em curso.
O segundo passo fundamental é representado pela definição de um modelo operacional que consiga alinhar as estruturas organizacionais internas da empresa, bem como a governança, os diversos processos internos e as tecnologias adotadas. Dessa forma, será possível realizar a estratégia escolhida da melhor maneira possível.

A importância do aspecto tecnológico. O terceiro aspecto diz respeito às novas tecnologias emergentes e em particular as disruptivas, que devem ser adotadas e incorporadas aos serviços oferecidos para poder reduzir custos. Este tema foi discutido durante a Academia Siat QuanTech (organizada pela Sociedade Italiana de Análise Técnica) que decorreu de 25 a 28 de agosto na Toscana na Abadia de Spineto. Inteligência artificial aplicada a serviços de investimento e implementação de finanças comportamentais e neuroeconomia foram alguns dos temas mais seguidos.
Estas novas tecnologias permitem também criar novos serviços para os clientes, que procuram “experiências” de investimento inovadoras e personalizadas.

“Os clientes ricos esperam uma experiência omnicanal e querem ter acesso a mais dados que lhes permitam chegar a decisões mais informadas. Ao mesmo tempo, estão sempre bem informados e prontos para verificar qualquer dado – diz Paolo Gianturco, sócio sênior da Deloitte – chefe de fintech -. A tecnologia está em primeiro plano, uma vez que os clientes ricos estão muito inclinados a usar imediatamente todas as inovações de última geração”.

São clientes muito exigentes, que querem soluções específicas e muita atenção. Por isso, a parte mais rotineira do serviço pode ser delegada nas “máquinas” de forma a otimizar os serviços mais sofisticados, cortar custos e oferecer comissões mais baixas.

O quarto passo fundamental apontado pela Deloitte Global diz respeito ao uso de bots, ou seja, formas de inteligência artificial que podem replicar os comportamentos mais repetitivos da empresa, como funções de back office, compliance, contabilidade e administração geral. A automatização também neste contexto é favorecida pelo crescimento exponencial, nos últimos anos, dos dados disponíveis e pela utilização cada vez maior que deles se faz. Até 2020, segundo análises da Deloitte, o chamado Big data terá atraído investimentos de 232 bilhões de dólares.
O quinto aspecto sugerido é a adoção de novas soluções regulatórias, como as RegTech, para gerenciar riscos e compliance. A tecnologia regulatória ajuda as empresas a cumprir os regulamentos e explorá-los para ganhar eficiência.
Por fim, o sexto ponto destacado pela Deloitte Global, prevê a adoção de tecnologias disruptivas como Advanced analytics, Cloud e Blockchain, que têm o potencial de transformar a cadeia de valor na gestão de ativos.

“O Blockchain em particular, se gerenciado adequadamente, pode levar a uma maior eficiência e melhor gerenciamento da cadeia de valor no segmento de gestão de patrimônio nos próximos dez anos”, explica Gianturco.

O artigo completo foi publicado na edição de setembro da Revista Wall Street Itália

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